A província de Maputo registou, nos primeiros nove meses deste ano, 2.821 casos de violência, contra 3.789 casos registados em igual período do ano passado.

Dos casos registados, 2.022 são criminais, 544 cíveis e 255 de outra natureza. Deste universo, 1.566 casos foram contra mulheres, 909 contra crianças e 346 contra homens.

  

Estes dados foram tornados público nesta terça-feira, 12 de Dezembro, na cidade da Matola, no decurso do Diálogo Sobre Violência, promovido pelo Gabinete do cônjuge da Secretária de Estado na província de Maputo, em coordenação com o Serviço Provincial de Assuntos Sociais (SPAS).

Segundo, Ortílio  Henriques, Sub-Inspector da Polícia  da República de Moçambique e orador de um dos temas apresentados no evento, para fazer face à situação de violência, a PRM tem levado a cabo acções preventivas, com maior destaque para palestras de sensibilização em instituições públicas e privadas como hospitais, escolas, igrejas, comunidades e locais de aglomeração, encontros com líderes comunitários, bem como a divulgação de leis sobre a violência através de programas radiofónicos.

Por sua vez, César Faria, cônjuge da Secretária de Estado na província de Maputo e moderador do Diálogo Sobre Violência, falou da necessidade de diálogo permanente no seio das famílias e na sociedade, como forma de combater a violência, um dos males que desestruturam a sociedade.

Para o próximo Diálogo, Faria, recomendou o envolvimento de líderes comunitários, religiosos, psicólogos, sociólogos, juristas, polícia, antropólogos e outros intervenientes da sociedade civil, para uma discussão profunda dos problemas ligados à violência de vária ordem.

Para Nilza Seifane, Juíza do Tribunal Judicial da Província de Maputo e oradora do Diálogo Sobre Violência, a falta de revisão da lei sobre protecção dos homens e a fraca denúncia de casos de violência praticada contra os homens por motivos sociais, falta de ética e deontologia profissional dos técnicos, constitui um grande desafio para o Estado e a sociedade em geral.

O Diálogo foi caracterizado por apresentação de temas sobre violência praticada por mulheres contra homens e as consequências da violência praticada por homens contra a família, debates e momento cultural.

Participaram no encontro, técnicos do Gabinete de Atendimento à Família e Menores Vítimas de Violência, delegado do Instituto Nacional de Acção Social (INAS, IP) na Matola, Graço Dias Uaiene, grupo de referência à protecção de menores, membros do Conselho de Representação de Estado, técnicos do SPAS, entre outros convidados.

Refira-se que dos 3.789 casos de violência registados nos primeiros nove meses de 2022, um total de 2.876 foram contra mulheres e 599 contra homens, de acordo com dados do Gabinete de Atendimento à Família e Menores Vítimas de Violência.