A Ministra do Género, Criança e Acção Social, Nyeleti Mondlane, convidou, recentemente, Áquila Chirindza, a ser Activista sobre os Direitos da Mulher e Rapariga, mercê das obras da jovem cantora, que exaltam os dois grupos sociais.
Nyeleti Mondlane fez o convite à margem da VI sessão do Conselho Coordenador do Ministério que dirige, realizado nos dias 9 e 10 de Dezembro corrente, evento para o qual Áquila Chirindza veio da Beira, expressamente para cantar a rapariga, a convite da governante.
“Foi um enorme prazer para mim, ter logrado despertar o interesse de Sua Excelência Senhora Ministra, porque esta será uma vantagem para despertar o que está dentro de mim, em relação ao empoderamento da rapariga”, reagiu Áquila Chirindza, acrescentando que será um prazer enorme, para ela, trabalhar como Activista Social, na área da rapariga.
A sensibilidade pela situação da rapariga parte da própria jovem cantora, que diz ter acreditado sempre nos seus sonhos, de que a rapariga é poderosa, é a mulher forte do amanhã. “A inspiração vem de mim mesma; é algo de dentro de mim, para levantar outras raparigas, mostrar a elas que são capazes, têm habilidades. Mostrar a elas que o casamento forçado (uniões prematuras) a gravidez indesejada e a violência não fazem parte de nós (mulheres e raparigas); nós nascemos para brilhar, nascemos para pudermos escolher o que queremos ser”.
Tudo muito rápido
Entrevistada pelo Ministério do Género, Criança e Acção Social, a jovem cantora Áquila Chirindza confessa que iniciou a carreira há muito pouco tempo, ainda nem sequer completou um ano, mas está tudo a correr muito rápido. Para ela, é bênção de Deus. É algo que tem muito pouco tempo, mas com um impacto enorme.
Dedicado à rapariga, Áquila Chirindza ainda conta com um único número, intitulado “Levanta rapariga empoderada”, que continua a ser explorado, a pensar na gravação definitiva, e um vídeo-clipe.
A paixão pela música, essa, surge bem cedo, quando ainda atravessava a fase de pequenada, com o aperfeiçoamento a começar aos 12 anos, em 2011, quando entra num grupo coral da igreja (Missão Palavra de Vida) fundada pelo pai, a quem deve o incentivo, entre outros membros do grupo. “No início, até nem queria, mas por força deles acabei entrando e hoje é a minha vida”.
Muito cedo, Áquila Chirindza também começou a estudar. Tudo começa numa creche, aos três anos de idade, e com cinco “anitos” iniciava o ensino primário. Uma carreira estudantil que desagua numa licenciatura em Contabilidade e Finanças, feito que acontece aos 20 anos. A jovem cantora diz que a Contabilidade e Finanças e a música complementam-se. Mestrado em Gestão de Recursos Humanos é um sonho, por realizar. A Contabilidade não está excluída.
“Muita gente pensa que a música não dá dinheiro, por conta da disciplina financeira e estratégia de marketing. É algo que eu aprendi na minha área de formação, Contabilidade e Finanças. Consigo conciliar o meu aprendizado na minha área com a minha área de actuação, musical. Está-me sendo muito útil, porque consigo fazer melhor gestão dos valores”.
Maior sonho
“O meu maior sonho é de capitalizar esta área ligada à minha identidade (música), explorando música gospel, mas também músicas que estão ligadas à alma. A intenção é de transmitir coisas positivas para as pessoas, amor, esperança, paz e alegria. É isto que eu gostaria de capitalizar na área musical e também neste projecto, que vai iniciar agora, do empoderamento da rapariga”.
Segrego de sucesso
A jovem cantora diz que pelo sucesso total que a persegue, fica a dever à Deus e ao apoio dos pais, que sempre a ampararam naquilo que ela acreditou.
Em Janeiro de 2021, começou a trabalhar com serenatas, para, no mês seguinte, Fevereiro, profissionalizar-se. “Foi tudo muito rápido, estão a acontecer coisas que nunca imaginei que alguma vez faria, que viriam a ser a fonte da minha vida, mas as coisas estão a correr, e até chegam a assustar-me, está a ser tudo um grande mistério e uma grande bênção da minha vida. Em menos de um ano, muita coisa aconteceu, as pessoas também ficam assustadas, porque tudo está a acontecer tão rápido, mas quando são coisas assim, não se explica, só podemos desfrutar e agradecer. Tudo está fora da minha capacidade, do meu esforço. Os meus pais sempre oram por mim, para que as coisas possam fluir, na minha vida ”.
Para Áquila Chirindza, música é vida, por isso, embora sonhar não seja proibido, não pensa em voos diferentes. Mesmo que um dia abrace outras coisas, a música veio para ficar, sempre fará parte dela, guiada pela inspiração divina. Entretanto, vai criando a sua própria característica, a sua identidade.
Gabriela Rocha, Paulo Neto e Tasha Cobbs são as referências da jovem Áquila Chirindza, que lamenta não ter, a nível interno, referências de música gospel muito fortes. Entretanto, destaca algumas cantoras que as considera irmãs, a exemplo de Euridse Jeque, Júlia Duarte e Lizha James.
De hobby ao estrelato
Começou por cantar como hobby, em casamentos e outros eventos. Do nada, entra no mundo de serenatas e desperta a atenção de artistas de renome, e cita Humberto Luís, Euridse Jeque, Júlia Duarte, que prontamente postaram as obras da jovem cantora emergente nas suas páginas das redes sociais. Aqui, Áquila Chirindza estava exposta ao mundo inteiro. Os internautas gostaram e as televisões não esconderam o desejo de ter a jovem nos seus canais. Contabiliza um total de 49 mil seguidores, dos quais, 28 mil, no Instagram, e 21, no Facebook.
Activismo Social
“As raparigas são o ponto-chave e penso em criar conteúdos que vão despertar as capacidades e as habilidades que cada rapariga tem. A ideia é de levantar a elas, para verem que a vida pode ter um rumo diferente do que passaram a vida a ouvir, de que devem casar-se cedo, ter uma família, não estudar, etc. Nós queremos mudar esta perspectiva, incentivando aos estudos, ao trabalho, à consciência, responsabilidade, crescimento e desenvolvimento do país, a partir da vida delas, raparigas”.
A uma pergunta, se é possível viver de música em Moçambique, Áquila Chirindza responde, afirmativamente, argumentando, entretanto, com o imperativo de muito investimento, muita inovação e criatividade, porque o público está sempre à espera de algo novo. A estagnação e a falta de inovação geram cansaço no público. Os conteúdos, esses, devem despertar a atenção do público.
Por: Boaventura Mandlate