criancas orfas namaachaAs autoridades do Distrito de Namaacha, na província de Maputo, estão a redobrar esforços com vista à localização dos parentes de seis crianças abandonadas, quatro das quais órfãs, com idades entre dois e 14 anos, que vivem em situação deplorável e sem assistência dos familiares, no bairro 3 da localidade de Goba, há já alguns meses.


A história dos petizes desamparados começa quando a mãe, Rosa, perde a vida, em finais de 2019, e as crianças ficaram sob guarda dos tios, irmãos da falecida (Dito e Rute). Estes, por sua vez, viriam meses depois, a abandonar os petizes, que carecem de todo o tipo de apoio para a sua sobrevivência e desenvolvimento. Aliás, alguns moradores de Goba, que interagiram com uma comitiva constituída pelo Delegado do Instituto Nacional de Acção Social (INAS) da Matola e representantes da Direcção da Saúde, Mulher e Acção Social e do Gabinete de Atendimento à Mulher e Criança de Namaacha, foram unânimes, ao afirmarem que as seis crianças vivem dias difíceis, caracterizados por falta de assistência dos familiares directos.

“O sofrimento destas crianças vem desde há longa data, porque a mãe, mesmo em vida, passava mais tempo na bebedeira! O menino mais velho muito cedo lançou-se a trabalhos caseiros, a exemplo de fabrico de blocos ou produção na machamba, para conseguir dinheiro com vista a sustentar os seus irmãos”, disse a Secretária do Bairro 3 de Goba, Alda Zitha.

criancas orfas namaacha 1Alda Zitha narrou que a casa onde as crianças vivem pertencia à avó, também falecida, e que deixou os seus filhos, nomeadamente, Rosa, já falecida, deixando quatro crianças órfãs, o irmão Dito e Rute, esta por sinal a mãe das restantes duas crianças desamparadas, num total de seis. “Aqui, há crianças órfãs e outras cuja mãe, Rute anda à deriva algures…”.

Por seu turno, o Permanente do INAS em Goba, Mário Comé, contou que o que fez tranquilizar a comunidade é que depois da morte da mãe, as quatro crianças órfãs passaram a viver com o tio e sua esposa. “O tio viveu algum tempo com as crianças depois da morte da mãe”, disse Mário Comé.
A fonte admitiu não haver união na família dos petizes, explicando que mesmo com a saída do tio, a irmã da falecida, Rute, costuma vir pernoitar com as crianças, mas de dia ela abandona a casa, nem cuida das crianças órfãs.


Por sua vez, Francisca Xavier Mabica, um dos vizinhos, disse que depois da morte da mãe, as crianças passaram a viver com os tios, que, entretanto, as abandonou com o tempo. “Estamos a falar de quatro crianças que perderam a mãe, que podem merecer apoio directo do Governo, as restantes duas têm a sua progenitora ainda em vida, que tem aparecido ocasionalmente. Por essa via, qualquer apoio que vier deve ser feito através da mãe e tia das crianças”, disse Mabica, defendendo que o primeiro passo a ser dado, é a localização dos familiares das crianças, nomeadamente o tio e a tia, porque existem…


“Estamos no encalço da tia das crianças abandonadas…”

A localidade de Goba já traçou uma estratégia multissectorial visando a localização dos parentes das crianças abandonadas, principalmente a tia, Rute, que alegadamente terá abandonado as crianças órfãs incluindo os seus próprios dois filhos.

criancas orfas namaacha 2Adriano Fondo, Chefe da Localidade de Goba, disse que as autoridades estão já no terreno a desencadear um trabalho para localizar os familiares das crianças com quem os menores viveram antes e depois da morte da mãe. “A família desempenha um papel importante na educação e guarda de qualquer criança. O Estado e outros intervenientes devem aparecer como recurso para os casos em que não é possível a integração das crianças em situação da vulnerabilidade nas respectivas famílias ou comunidade”, disse Fondo.

O Delegado do INAS da Matola, Graço Uaiene, que na ocasião procedeu à entrega de alguns bens alimentares, roupas e material de higienização, apelou à vizinhança das crianças para que apoiem os petizes enquanto se localiza os parentes. “Ajudem a monitorar o dia-a-dia destas crianças, sobretudo em questões de hábitos de higiene, enquanto decorre o trabalho de localização dos familiares”, apelou.


Responsabilidade da família

criancas orfas namaacha 3A Administradora do Distrito de Namaacha, Suzete Dança, descreveu a situação das crianças órfãs abandonadas como deplorável e condenável, considerando que a família é a célula base que deve proteger a qualquer membro, em primeira instância. “Apelamos desde já às famílias a assumirem o seu papel de proteger os menores. Não se justifica que os tios das crianças tenham primado pelo desaparecimento, deixando os seis menores naquelas condições”, disse Suzete Dança. A Administradora de Namaacha garantiu que o governo distrital já está a trabalhar, primeiro na localização dos familiares dos menores, enquanto se presta o apoio necessário aos petizes.

A governante agradeceu o apoio de pessoas de boa-fé àquelas crianças, desde que o caso se tornou público, através das redes sociais. “Neste momento temos as equipas no terreno a trabalharem em busca de soluções para a assistência das crianças enquanto se localiza os familiares”, disse a Administradora do Distrito da Namaacha, Suzete Dança.(x)